A força propulsora das empresas

Entendidos a dimensão e o valor do cargo de gestor, é importante salientar seus dois papéis, o papel de gerente e o papel de líder.

O gestor enquanto gerente tem o papel de gerenciar os processos, alocar e destinar os recursos e criar as condições de trabalho necessárias, bem como, monitorar e avaliar os resultados.

Neste caso o foco é na melhoria contínua dos processos. Já o gestor enquanto líder tem o papel de manter o foco, conduzir, estimular e extrair ao máximo o potencial da equipe alinhando-os aos objetivos previamente estabelecidos.Neste caso o foco é na satisfação e motivação da equipe.

Sendo esses os papéis do gestor, e que irá desempenhá-los neste mercado mutante, apresento aqui aquilo que eu acredito ser, dentre outros, os dez princípios do gestor eficaz:

1. CONEECTAR-SE COM O MERCADO – Significa estar conectado com o mercado e ter a consciência de que somos guiados por sua dinâmica. Nossa energia deve estar voltada para fora – para os nossos clientes atuais e potenciais, para nossos concorrentes, para tecnologias relevantes e ainda para os mercados alvos.

2. PLANEJAR – Avaliar o contexto, analisando a situação atual e definindo os objetivos e metas de curto, médio e longo prazos.

3. FOCAR EM RESULTADOS – Saber redirecionar ações e realinhar os rumos, buscando alternativas a fim de alcançar os resultados planejados. Capacidade de gerar negócios e atingir metas desafiadoras, através de intensa canalização de energia para ações concretas e produtivas, monitorando e tendo foco em resultados e objetivos.

4. AGIR COM RAPIDEZ E SENSO DE OPORTUNIDADE – Tomar e implementar decisões de maneira eficaz e oportuna e no ritmo ditado pelo mercado. Reconhecer o tempo como uma vantagem competitiva.

5. TRABALHAR EM EQUIPE – Trabalhar em equipe minimizando o conflito improdutivo, mas incentivando a diversidade de opiniões e o debate construtivo.

6. COMPARTILHAR O PODER DE DECISÃO – Acreditar que as pessoas se tornam mais inovadoras e produtivas quando possuem autoridade para tomar decisões em um âmbito de atuação e podem responder por elas. Capacitar e dar todas as informações e recursos necessários para que os colaboradores atuem com autonomia. Criar um ambiente onde as decisões sejam tomadas pelas pessoas que estão mais próximas dos clientes.

7. TER UMA COMUNICAÇÃO ABERTA E HONESTA – Ter uma comunicação clara, franca e honesta. Reconhecer o valor da diversidade de opiniões. Estar aberto à clara expressão de divergências e não as ocultar temendo criar problemas.

8. PROMOVER A CONTÍNUA APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL – Identificar e implementar as melhorias contínuas através da aprendizagem permanente. Refletir sobre os sucessos e fracassos. Aprender um com os outros, com concorrentes e com os próprios clientes.

9. TER ABERTURA PARA MUDANÇAS – Capacidade para compreender situações novas e adaptar esquemas existentes a novas exigências que se façam necessárias, num processo contínuo de “aprendizagem/desaprendizagem”. É uma disposição constante de rever posições, de não temer o novo e mostrar-se aberto a receber feedbacks. Significa também desafiar a maneira tradicional de fazer as coisas, inovar os processos e preparar as pessoas para entenderem e aceitarem as mudanças.

10. TER VISÃO ESTRATÉGICA – Capacidade de detectar e entender as tendências e relações de causa e efeito, percebendo as situações de forma global, criando e avaliando cursos de ação alternativas de longo prazo, prevendo consequências e visualizando soluções. Detectar oportunidades e tomar decisões acertadas, mesmo sob pressão e num ambiente de incertezas, apresentando recomendações embasadas, pertinentes e eficazes, com riscos bem calculados, agilidade e senso de urgência.

Ainda acrescentaria mais um princípio que serve de sustentação para os demais que é buscar continuamente o aperfeiçoamento, capacitar-se, desenvolver-se e ainda desenvolver sua equipe para que a empresa possa dar resposta às necessidades do mercado numa velocidade que garanta sua competitividade. O Gestor não capacitado deixa de ser uma força propulsora e passa a ser uma força restritiva, tornando-se uma ameaça para a empresa onde atua.

Neste sentido, ao longo da minha carreira como consultor, tenho observado que a maioria das empresas não prioriza o desenvolvimento de seus gestores. Vejo ainda, profissionais que, por terem muito tempo de casa e conhecimentos técnicos em alguma área específica, são promovidos a cargos gerenciais sem o devido preparo, o que considero extremamente nocivo, uma vez que a empresa corre o risco de perder um bom técnico e ganhar um péssimo gestor. Isto porque os mesmos, geralmente, continuam pensando e agindo como técnicos (no operacional) e, acabam conduzindo suas equipes por caminhos menos indicados pois, enquanto agem no operacional, perdem a visão do todo e ganham a miopia gerencial, enxergando somente ao seu redor e tomando decisões isoladas. Nesses casos a empresa perde em tudo, e o profissional fica numa situação, no mínimo, delicada e constrangedora, pois os resultados ainda assim, são cobrados. Particularmente não sou contra a contratação, via promoção, de um técnico para assumir cargo gerencial, desde que a empresa elabore um plano de treinamento e desenvolvimento, que promova as competências essenciais ao exercício da função.

Concluindo, recomendo às empresas que invistam continuamente em seus gestores, antigos e/ou recém-contratados, no intuito de que sejam de fato uma força propulsora e não restritiva. A dica também vale para qualquer profissional que já atua ou pretende assumir cargo gerencial: a carreira é sua, invista nela!

Rubens Berredo

Diretor e Consultor do Instituto R. Berredo

Referência de apoio:

ARAUJO, Luis César G. de – Teoria Geral da Administração / aplicação e resultado nas empresas brasileiras – São Paulo: Atlas:2004
CHIAVENATO, Idalberto – Introdução à teoria geral da administração. -6.ed.-Rio de Janeiro : Campos 2000.
MAXWELL, John C. Segredos da Liderança: O que todo líder precisa saber – São Paulo : Mundo cristão: 2003

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